PSD, CDS e Oposição
O congresso do PSD deste fim-de-semana, fechou o ciclo de renovação política da ala direita da oposição, e quanto a mim, fechou-o sem grande sucesso.
Do lado do CDS, Ribeiro e Castro que foi a um congresso extraordinário para tentar legitimar a liderança, ficou como sempre tem estado: frágil, desejado por uma maioria discreta do partido (provavelmente pela falta de alternativas mais credíveis) mas com uma oposição interna forte e com rostos conhecidos, que recruta alguns dos seus mais prestigiados elementos entre o núcleo duro do consolado de Paulo Portas (Pires de Lima, ex-Vice-Presidente do partido, Telmo Correia, candidato derrotado na reunião magna dos democratas cristãos em 2005, Nuno Melo, líder da bancada parlamentar e apoiante de Telmo Correia…).
Os apoios de Maria José Nogueira Pinto e Lobo Xavier, foram sem dúvida essenciais para um equilíbrio de forças mais favorável ao Presidente do Partido, mais ainda assim, ao manter-se a querela latente entre a Direcção centrista e o grupo parlamentar (no fundo a verdadeira frente de intervenção de um partido na oposição, com uma máquina mediática débil e um líder a part-time como o do CDS) mantém-se também a inoperância e a descoordenação da estratégia de Ribeiro e Castro, que a meu ver, vem confirmar-se como aquilo que muitos analistas o vaticinaram no momento da sua eleição: um mero “regente”, ou seja, um líder de transição, que vai conduzindo o partido, silenciosamente, entre os tortuosos caminhos de uma legislatura de maioria absoluta socialista, até que Portas se decida a regressar ao seu posto de timoneiro, ou outro notável se afirme, mais pelo carisma do que pelo projecto, tentando uma colagem de última hora ao PSD para chegar ao governo.
O CDS tem um problema histórico grave, que me parece ter começado com a saída de Freitas do Amaral da presidência (mas há quem o situe noutros períodos) e o deixará sempre muito dependente do carisma e do talento individual do seu líder, fragilizando-o indiscutivelmente nos momentos de lideranças fracas. Esse problema é a falta de um programa político claro, de uma ideologia, ou pelo menos de uma linha agregadora das diversas tendências políticas que compõem a sua massa militante (dos liberais aos ultra-conservadores, dos centristas aos democratas-cristãos, dos neo-fascistas à extrema-direita mediática). Por isso os seus resultados eleitorais oscilam vertiginosamente ao sabor das conjunturas (umas vezes terceira força política – com Freitas nas Legislativas de 76 e Portas nas de 2002 -, outras elegendo apenas quatro a cinco deputados, na era negra do “partido do táxi”). Por isso também, frequentemente os analistas vaticinam a sua extinção.
Do lado do PSD, o cenário parece-me mais animador. Marques Mendes sai reforçado, tanto das directas como do Congresso, e tem agora um longo caminho à sua frente até às eleições internas de 2008, que deixarão o partido no limiar das Legislativas do ano seguinte. Nesta linha, são possíveis de descortinar dois cenários relativamente ao futuro e às ambições políticas do Presidente dos social-democratas: ou consegue afirmar-se como “líder da oposição”, marca a agenda política com propostas verdadeiramente alternativas às veiculadas pelo governo (o que não será fácil, se constatarmos que Sócrates é essencialmente um homem de centro, logo, a sua agenda ocupa uma parte significativa do espectro político tradicionalmente dominado pelo PSD); ou mantém-se trepidante e repetitivo como até aqui se tem revelado.
No primeiro caso terá garantida a sua oportunidade de disputar as Legislativas; no segundo, apenas poderá almejar fazê-lo, se a dinâmica política do governo se mantiver em alta, as sondagens projectarem uma possível vitória socialista, e os “barões” do PSD, para não ameçarem o curriculum, preferirem não arriscar disputar a liderança para não darem o seu rosto a uma derrota do partido.
Já aqui disse que, com um governo forte, com uma agenda clara, e a governar bem, se exige uma oposição igualmente forte, uma alternativa, e não meramente uma alternância. Olhando à direita do nosso espectro político (e já não digo à esquerda, porque PCP e Bloco de Esquerda me soam sempre a déjà vu, independentemente do partido do governo) não parece ser isso que encontro.
Do lado do CDS, Ribeiro e Castro que foi a um congresso extraordinário para tentar legitimar a liderança, ficou como sempre tem estado: frágil, desejado por uma maioria discreta do partido (provavelmente pela falta de alternativas mais credíveis) mas com uma oposição interna forte e com rostos conhecidos, que recruta alguns dos seus mais prestigiados elementos entre o núcleo duro do consolado de Paulo Portas (Pires de Lima, ex-Vice-Presidente do partido, Telmo Correia, candidato derrotado na reunião magna dos democratas cristãos em 2005, Nuno Melo, líder da bancada parlamentar e apoiante de Telmo Correia…).
Os apoios de Maria José Nogueira Pinto e Lobo Xavier, foram sem dúvida essenciais para um equilíbrio de forças mais favorável ao Presidente do Partido, mais ainda assim, ao manter-se a querela latente entre a Direcção centrista e o grupo parlamentar (no fundo a verdadeira frente de intervenção de um partido na oposição, com uma máquina mediática débil e um líder a part-time como o do CDS) mantém-se também a inoperância e a descoordenação da estratégia de Ribeiro e Castro, que a meu ver, vem confirmar-se como aquilo que muitos analistas o vaticinaram no momento da sua eleição: um mero “regente”, ou seja, um líder de transição, que vai conduzindo o partido, silenciosamente, entre os tortuosos caminhos de uma legislatura de maioria absoluta socialista, até que Portas se decida a regressar ao seu posto de timoneiro, ou outro notável se afirme, mais pelo carisma do que pelo projecto, tentando uma colagem de última hora ao PSD para chegar ao governo.
O CDS tem um problema histórico grave, que me parece ter começado com a saída de Freitas do Amaral da presidência (mas há quem o situe noutros períodos) e o deixará sempre muito dependente do carisma e do talento individual do seu líder, fragilizando-o indiscutivelmente nos momentos de lideranças fracas. Esse problema é a falta de um programa político claro, de uma ideologia, ou pelo menos de uma linha agregadora das diversas tendências políticas que compõem a sua massa militante (dos liberais aos ultra-conservadores, dos centristas aos democratas-cristãos, dos neo-fascistas à extrema-direita mediática). Por isso os seus resultados eleitorais oscilam vertiginosamente ao sabor das conjunturas (umas vezes terceira força política – com Freitas nas Legislativas de 76 e Portas nas de 2002 -, outras elegendo apenas quatro a cinco deputados, na era negra do “partido do táxi”). Por isso também, frequentemente os analistas vaticinam a sua extinção.
Do lado do PSD, o cenário parece-me mais animador. Marques Mendes sai reforçado, tanto das directas como do Congresso, e tem agora um longo caminho à sua frente até às eleições internas de 2008, que deixarão o partido no limiar das Legislativas do ano seguinte. Nesta linha, são possíveis de descortinar dois cenários relativamente ao futuro e às ambições políticas do Presidente dos social-democratas: ou consegue afirmar-se como “líder da oposição”, marca a agenda política com propostas verdadeiramente alternativas às veiculadas pelo governo (o que não será fácil, se constatarmos que Sócrates é essencialmente um homem de centro, logo, a sua agenda ocupa uma parte significativa do espectro político tradicionalmente dominado pelo PSD); ou mantém-se trepidante e repetitivo como até aqui se tem revelado.
No primeiro caso terá garantida a sua oportunidade de disputar as Legislativas; no segundo, apenas poderá almejar fazê-lo, se a dinâmica política do governo se mantiver em alta, as sondagens projectarem uma possível vitória socialista, e os “barões” do PSD, para não ameçarem o curriculum, preferirem não arriscar disputar a liderança para não darem o seu rosto a uma derrota do partido.
Já aqui disse que, com um governo forte, com uma agenda clara, e a governar bem, se exige uma oposição igualmente forte, uma alternativa, e não meramente uma alternância. Olhando à direita do nosso espectro político (e já não digo à esquerda, porque PCP e Bloco de Esquerda me soam sempre a déjà vu, independentemente do partido do governo) não parece ser isso que encontro.
2 Comentários:
Sinceramente não consigo ter uma visão tão clara como a tua. Além disso, sou um bocado "desligada" de certos assuntos! Mas gostei da forma como apresentaste o teu ponto de vista! M J C
Excelente post este sobre a actual deriva dos partidos de centro/direita portugueses. É sempre com prazer que leio os teus artigos de opinião.
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