terça-feira, agosto 08, 2006

Teoria da Distância

Pequeno complexo de reflexões de qualidade duvidosa, precedidas de um título pomposo para impressionar as consciências:


A distância é uma barreira menos física do que psicológica. Sei que isto não passa de um cliché, que já foi amplamente citado, enfatizado, dramatizado; imagino que milhões de pessoas já o tenham dito, ou porque o sentiram de verdade, ou porque a frase lhes pareceu interessante e profunda, ainda que friamente lacunar.
Mas às vezes apetece dizer coisas que os outros já disseram, não ser criativo, repetir, repisar o mesmo assunto, esgotá-lo, e só daí partir para outro. Outras vezes sentimos que só num certo momento atingimos o nosso “significado próprio” da frase que toda a gente cita.
A distância é algo que me inquieta particularmente. Porque superficialmente pode parecer rígida, plana, fácil de exprimir em poucas palavras; mas numa visão de detalhe é supremamente ambígua.
Estar fisicamente próximo de uma pessoa não significa ter qualquer tipo de comunhão com ela, ter empatia, do mesmo modo que a informalidade, o à vontade, nada têm a ver com a intimidade, muito menos com a confiança.
É possível estar-se aparentemente envolvido num determinado ambiente, participar numa conversa de grupo com algum entusiasmo, fazer observações que demonstram interesse, e ainda assim, estar-se totalmente ausente, abstraído, de fora do círculo que se criou.
Diariamente milhões de pessoas coabitam, partilham o mesmo espaço, trocam observações gentis, cooperam para realizar determinadas tarefas sem que na verdade alguma vez tenham chegado a estar próximas. Pensando que fazem parte da vida uns dos outros, raramente se apercebem de nunca passaram verdadeiramente de desconhecidos!

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Quando estamos sentados num transporte público, num escritório onde se trabalha, ou quando almoçamos com alguém, podemos "estar" apenas a marcar a nossa presença fisicamente!
Quantas vezes o nosso pensamento voa km de distância de tal modo que nem percebemos o que dizem, nem sequer percebemos se estão a falar connosco! Doutras vezes vamos "falando" socialmente sem dizer nada.
Quando as pessoas trabalham juntas "fazem" parte obrigatoriamente da vida umas das outras, mas de uma forma limitada: "coabitam" e cooperam, porque é necessário trabalhar em conjunto. Conhecem o exterior (a embalagem) uns dos outros, no máximo chegam a "ver" a eficiência profissional (ou não)de cada um.
Em todos os outros aspectos são desconhecidos, só conhecem o "verniz"!
M J C

08 agosto, 2006 18:58  

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