quarta-feira, dezembro 14, 2005

Saudades do Futuro

Só tenho saudades do futuro,
Do que nunca vivi,
Porque ter saudades é sonhar
E sonhar é ser o que ainda não se é.

Recordo, relembro, revivo com delícia,
Os meus projectos, o que serei,
Ou pelo menos o que quero ser.

E não choro, nunca choro pelo que
Passou. Porque se passou,
Já não faz parte do presente
E só aconteceu porque
Nos restitui ao futuro.
E só o futuro interessa,
Porque nele tudo se realiza,
Até os desejos recalcados,
Do passado e as promessas
Adiadas de um presente apático.

A água do rio não volta
Para trás. Segue sempre o seu percurso
Sem mágoas ou nostalgia
Dos portos que já deixou,
Dos corpos de criança que cobriu,
Dos peixes que envolveu e
Das rochas que esbateu
Durante a caminhada.

O tempo não se repete.
E o momento da recordação,
As lágrimas da nostalgia,
Não são mais do que a abdicação
Voluntária, de um tempo prometido,
Que espera por nós para se cumprir.

01/07/05

(quando não se escrevem textos novos, redescobrem-se os «antigos»).

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Não tenhas saudades do futuro, o futuro ainda não te pertence!
Sonha, sim, sonha tudo o que puderes para seres "tu"!
Não desprezes o passado, chéri, com ele aprende-se muita coisa: não faz parte do presente, mas pode dar "dicas" para o "agora".
Como o tempo não se repete, aproveita tudo o que o presente tem para te oferecer!
Não percas as oportunidades que a vida, ou alguém, te dá! M. J. C.

14 dezembro, 2005 21:03  

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