O peso de uma oferta
Ontem de manhã, à saída do autocarro recém-chegado ao Campo Grande, levei uma tremenda cotovelada de uma senhora de respeitável idade, que quase me fez esborrachar-me contra um transeunte que me passou pela frente. Virei-me para traz, quiçá esperando um pedido de desculpas, apropriado à ocasião, mas o que ouvi foram algumas palavras enfáticas, ditas em tom de estímulo: “estão ali a dar iogurtes, não quer ir buscar um?”.
Estimulada pela frase de efeitos excitantes, a manada agitou-se e preparou-se para tomar de assalto a porta de saída, pelo que me apressei a saltar fora do veículo para não correr o risco de ser atropelado pelos instintos famintos dos outros passageiros.
Atravessei a entrada da estação do metro, apressado, e debatendo-me contra o já incontornável atraso, onde pude constatar que efectivamente uma pequena multidão se acotovelava, deixava escapar alguns insultos, e não inibia os encontrões… tudo para ainda apanhar as últimas embalagens de um iogurte líquido que estava a ser distribuído gratuitamente para divulgação.
No metro, entalado entre dois senhores engravatados, e uma “tia” de Cascais com hálito de aguardente, fui pensando como era fraco o verniz que cobre de civilização os hábitos animalejos do nosso povo, e sobretudo, como se quebra tão facilmente em troca de tão modesta oferenda!
Estimulada pela frase de efeitos excitantes, a manada agitou-se e preparou-se para tomar de assalto a porta de saída, pelo que me apressei a saltar fora do veículo para não correr o risco de ser atropelado pelos instintos famintos dos outros passageiros.
Atravessei a entrada da estação do metro, apressado, e debatendo-me contra o já incontornável atraso, onde pude constatar que efectivamente uma pequena multidão se acotovelava, deixava escapar alguns insultos, e não inibia os encontrões… tudo para ainda apanhar as últimas embalagens de um iogurte líquido que estava a ser distribuído gratuitamente para divulgação.
No metro, entalado entre dois senhores engravatados, e uma “tia” de Cascais com hálito de aguardente, fui pensando como era fraco o verniz que cobre de civilização os hábitos animalejos do nosso povo, e sobretudo, como se quebra tão facilmente em troca de tão modesta oferenda!
2 Comentários:
Este texto faz-se lembrar o Eça: ele tb achava que a nossa sociedade estava podre, e que qq coisinha fazia estalar o verniz! Agora o verniz ainda é de pior qualidade, por isso, estala mais depressa! Apesar dos encontrões, empurrões e entalões, sentes-te bem, escapaste ileso?
Este texto valeu pelo que me fez rir! Tá lindo! M. J. C.
LOL eu diria: mesmo à portugues!! =X
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