quarta-feira, junho 13, 2007
Regresso atribulado depois de ter perdido a password de acesso ao blogue. O Refúgio termina por aqui. A partir de Julho podem continuar a acompanhar-me em http://novorefugio.blogspot.com/. Enquanto isso, segue o Vicarious Liability, onde continuo a contar com as vossas visitas.
sábado, abril 14, 2007
SEM PARAR (Gabriel, o Pensador)
A vida é feito andar de bicicleta: se parar você cai.
Vai em frente, sem parar, que é a parada é suicida,
Porque a vida é muito curta e a estrada é cumprida.
Você sobe e você desce na escada da vida e às vezes
Parece que a batalha tá perdida e que você voltou pro ponto de partida.
Vai à luta, levanta, revida!
Vai em frente, não se rende, não se prende nesse medo de errar,
Que é errando que se aprende que o caminho
Até parece complicado e às vezes tão difícil
Que você se surpreende quando sente derepente
Que era tudo muito simples vai em frente que você entende.
Boa sorte, firme e forte, vai com a força da mente.
Vai sabendo que não há nenhum peso que você não agüente.
Vai na marra, vai na garra, vai em frente.
E se agarra no seu sonho com unhas e dentes.
Pra saber o que é possível é preciso
Que se tente conseguir o impossível, então tente!
Sempre alimente a esperança de vencer.
Só duvide de quem duvida de você.
Sem parar, sem parar, se parar você cai!
Demorou, demorou! Pedala aí!Então não pára o movimento, vai em frente, vai!
Sem parar, sem parar, se parar você cai!
Demorou, demorou! Pedala aí! Não repara no mau tempo que o sol já sai
Vai em frente, sem parar que se parar você cai!
Vai em frente, enfrente, enfrente, vai!
Vai agora, não chora.
Ignora a energia negativa lá fora, porque dentro de você
Existe um poder bem maior do que você pensa.
Vai atrás da recompensa e se houver inveja e se ouvir ofensaVocê responde com a força do perdão.E aumenta a sua crença cada vez que ouvir um não, porque todo não esconde um sim.Ainda é só o começo, vá até o fim.
Aprenda nos tropeços, não olhe pro chão, olhe pro céu.
Olhe pra vida sempre de cabeça erguida que no fim do túnel tem uma saída,
Mesmo quando você não consegue ver a luz.
Feche os olhos que uma força te conduz.
Vai em frente, vai seguro, faz um furo nesse muro que o escuro se esclarece.
Vai em frente, simplesmente vai em frente
Que o futuro é um presente que a vida te oferece.
Sem parar, sem parar, se parar você cai!
Demorou, demorou! Pedala aí!Então não pára o movimento, vai em frente, vai!
É na dor que o recém-nascido aprende a chorar.
Pra encontrar a cura você tem que procurar.
É no choro que o recém-nascido aprende a respirar.
Então respira fundo que a vitória tá no ar.
Vai indo, vai na tua, vai você.
Vai nessa, vai na boa, vai vencer.
Acredite no bem, que fazer o bem faz bem.
Faça o bem que faz o bem acontecer.
Vai na fé, vai a pé, vai do jeito que der.
Vai até onde puder, vai atrás do que tu quer
Vai andando, vai seguindo, vai pensando,
Vai sentindo, vai amando, vai sorrindo,Vai andando, vai curtindo, vai plantando e vai colhendo,
Vai lutando pela paz vai dançando nesse ritmo que o tempo faz.
Vai de peito aberto. Vai dar certo.
Confiante que o distante num instante fica perto.
Fica esperto, vai! Com força de vontade.
Vai à vera, não espera a oportunidade.
Não aceita humilhação mas não perde a humildade.
E nunca abra mão da sua dignidade.
Sem parar, sem parar, se parar você cai! Demorou, demorou! Pedala aí!
Então não pára o movimento, vai em frente, vai!
Se parar você cai, se cair cê levanta...
segunda-feira, abril 02, 2007
O partido de Paulo Portas
Um partido de cuja liderança alguém sai para dois anos depois ainda encontrar o lugar vago (aqui a vacatura deve entender-se em sentido amplo; contempla a possibilidade de expulsar o ocupante da cadeira, ainda que por meios menos transparentes), tem pouco de institucional, tem pouco de democrático. Um partido onde dois anos não são o suficiente para gerar alternativas, onde ninguém considera estar à altura de assumir um cargo, especialmente concebido para uma só pessoa, tem menos de político que um altar. Aí pelo menos os santos podem alternar-se…
sábado, março 31, 2007
A primeira eleição de Salazar (R.I.P.) e os xenófobos
Sempre tenho insistido na necessidade da formação cívica da população e dois acontecimentos recentes (perdoem-me a imodéstia) parecem ter vindo dar-me razão: a eleição de Salazar como “melhor português de sempre” – eleição essa que, aliás, foi a única que venceu, e mesmo assim a título póstumo – e o outdoor xenófobo do PNR na rotunda do Marquês.
A Democracia é, 33 anos depois do 25 de Abril, um dado adquirido. Mas não é o fim da História. A demagogia continuará a oferecer soluções fáceis para os problemas, a apontar bodes expiatórios, a identificar caminhos bombásticos de incovenientes notórios mas resultados modestos. E a ignorância das massas, confortável para quem precisa de servir-se dela, suge como terreno ideal para que este e outro tipo de discursos possam voltar a encontrar eco.
segunda-feira, março 26, 2007
Determinação ridícula
A determinação deixa de ser louvável se estivermos a insistir no impossível. Torna-se então solenemente ridícula.
Sobre os Grandes Portugueses
A escolha de Salazar como "vencedor" do polémico concurso «Os Grandes Portugueses», para além de sublinhar a impossibilidade de se fazerem juízos históricos rigorosos sobre protagonistas de factos recentes, demontra uma tendência da nossa opinião pública: o desejo de chocar. Não há aqui voto de protesto nem reconhecimento ponderado da obra política da figura em questão. Para o haver, era necessário que os conhecimentos gerais de História e de Política fossem muito mais abundantes do que aquilo que efectivamente são.
domingo, março 18, 2007
Ponderação
O que é mais doloroso: descobrir que um bom sonho não é realidade ou que a realidade não é um pesadelo?
Um discurso do método
Habituamo-nos a aceitar mitos e ideias feitas. Escutamos as mesmas frases vezes repetidas, ouvimos as mesmas verdades proferidas com invariável autoridade, que há um momento em que as tomamos como boas sem procurar submetê-las a qualquer teste de coerência. O homem erra porque cede facilmente perante uma certeza gratuita. Porque não ousa testar a plausibilidade do que toda a gente reputa como certo.
Um problema de aparências
Seria interessante um Mundo em que as pessoas pudessem olhar-se através da aparência e descobrir nas palavras e nos gestos, a parte da personalidade que a socialização costuma ocultar.
Talvez assim muita gente não se suportasse, se recusasse a conviver ou a partilhar o mesmo espaço. Mas todos sabiam com que contar. Não seria preciso jogar a todo o momento, desconfiar de tudo o que nos rodeia, ensaiar testes a desconhecidos e soluções para problemas que se abatem sem aviso.
Talvez assim muita gente não se suportasse, se recusasse a conviver ou a partilhar o mesmo espaço. Mas todos sabiam com que contar. Não seria preciso jogar a todo o momento, desconfiar de tudo o que nos rodeia, ensaiar testes a desconhecidos e soluções para problemas que se abatem sem aviso.
In claris non fit interpretatio
De forma análoga, poderíamos dizer que aquilo que é impossível não precisa de ser tentado. Em ambos os casos estaríamos enganados. Do mesmo modo que a lei clara se descobre por interpretação, as coisas impossíveis só se distinguem das possíveis se, previamente, tentarmos realizar umas e outras.
sábado, março 03, 2007
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
Vontade
A dificuldade é um dado dinâmico e situado. Nada é por si mesmo difícil ou impróprio de se concretizar. São as circunstâncias e o estado da nossa vontade e das nossas capacidades que ditam esta e outras qualificações.
terça-feira, fevereiro 20, 2007
Acasos
O impossível não existe
Em tudo o que antecede a morte,
E a dificuldade é o elemento
Seleccionador dos que estão
Dispostos a lutar.
Falhar é um resultado provisório,
Vencer um ponto de partida
Para outras vitórias.
Tentar é o caminho para o sucesso,
Abdicar é desistir da vida,
Renunciar ao jogo
Sem conhecer os trunfos do adversário.
Morrer só é absurdo quando
Não se consegue verdadeiramente
Viver, quando só se existe,
Se permanece à espera que a morte venha.
A incoerência só é incoerência
Para os incoerentes,
Para os que desistem de a perceber,
E a clarividência não dispensa
A interpretação subjectiva,
A Leitura criadora do «eu».
Temer o futuro é abdicar
Da Suprema Possibilidade,
Repudiar o passado renegarmo-nos
A nós mesmos, e desmentir
O presente, cometer o pecado
Do desperdício.
O Todo só é importante
Se cada uma das partes o for,
E o impossível só se alcança
Quando não se dispensa nenhuma
Possibilidade.
O bem só se sente enquanto tal
Por oposição ao mal,
E a felicidade nunca é
Devidamente entendida,
Se não for precedida pela dor.
Se aqui falhas, além
Acertas, e se já acertaste
Não estás imune de erros,
No futuro, mas também não
Renunciaste em definitivo ao sucesso.
Existir não tem sentido,
O que tem sentido é viver.
E viver não é só mais do que
Existir.
Viver é ser útil,
Aos outros e a nós mesmos.
Viver é sermos solidários
Com os nossos sonhos,
E realistas com os erros.
A vida há-de continuar
A reconstruir aquilo
Que a morte derruba,
A refazer, a reencontrar
Sentidos novos,
Quando tudo parece perdido.
A morte, os sonhos, os projectos,
Os ódios e os afectos,
O passado e o futuro,
Todos hão-de continuar a ensinar
Ao Homem que não existe
Só por acaso.
Que tem algo para fazer
De si e do Mundo.
Que tem algo para mudar.
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
O que fazer para ser notado
Alberto João Jardim demite-se. Alberto João Jardim recandidata-se. Alberto João Jardim pretende ser eleito. Antes, bastava-lhe aparecer aos pulos no Carnaval ou vociferar ameaças nos comícios de rentrée do PSD-Madeira para pôr o país de pantanas e sentir que era o centro das atenções. Agora precisa tomar medidas mais sérias. Alberto João Jardim já não tem a mesma graça, já não faz tremer ninguém quando diz um disparate. É triste quando uma pessoa deixa de poder fazer o sucesso esperado com os meios habituais. É triste a decadência.
quinta-feira, fevereiro 08, 2007
Retrocesso
A cada derrota é mais difícil recomeçar. A cada derrota, cresce a consciência de que há qualquer coisa que está mal, mas diminui a perícia para descobri-la. A cada derrota, torno-me menos paciente comigo mesmo, percebo o inevitável. Aceito o retrocesso, abraço a mediocridade.
Mudanças
Às vezes não acredito que as coisas perderam o sentido, duvido que se tenham produzido todas as mudanças com as quais ainda não me habituei a conviver. Às vezes ainda acho que sou o mesmo, que posso fazer tudo o que sempre fiz e da mesma maneira, que não passa de uma fase, que vai voltar ao que sempre foi, ao habitual. Mas, regularmente, tenho provas de que a mudança veio para ficar. Em vez de conseguir aquilo que ainda não tinha, perdi o que sempre tive e desvalorizei por acreditar ser demasiado certo.
sábado, janeiro 27, 2007
Referendo sobre a despenalização da IVG – três argumentos a favor do sim
No próximo dia 11 de Fevereiro, os portugueses serão, pela segunda vez, chamados a pronunciar-se, em referendo, sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez (IVG), um tema politicamente controverso.
Da esquerda à direita do espectro político, prepara-se o debate, alinham-se argumentos favoráveis a cada um dos sentidos de resposta, sendo de esperar o recurso a diversas áreas do conhecimento, da Moral à Ciência e à Religião, passando pela Filosofia e até pelo próprio Direito.
Sobre esta questão, a minha posição é clara e está formada desde o início sem grande margem para dúvidas: votarei favoravelmente à despenalização da IVG, se feita a pedido da mulher, até às 10 semanas e em “estabelecimento de saúde legalmente autorizado”. E, se outras razões de fundo não existissem, acredito ser possível sustentá-la com três argumentos simples e suficientemente objectivos para afastarem qualquer tentativa retórica de configuração da realidade.
O primeiro, é que não está em causa a generalização do aborto em qualquer circunstância, nem tão pouco a sua afirmação como uma prática substitutiva da utilização de contraceptivos. O que se pretende é a sua despenalização – ou antes, a não criminalização – em condições muito restritas e objectivamente delimitáveis. Além disso, parece pouco sensato afirmar que alguém se submete a um aborto de ânimo leve, como quem pratica qualquer outra actividade do quotidiano, sem mais preocupações. Para além das valorações morais, haverá sempre o mal-estar físico e psicológico, e esses, impedirão que tal solução não deixe de ser vista como o “último recurso”, independentemente da forma como o Direito a venha a qualificar (como crime ou não).
O segundo reporta-se directamente ao problema do direito à vida. Que há vida no “ser” em gestação (seja ele ainda embrião, ou já feto) parece-me uma premissa naturalmente irrefutável. Mas não menos irrefutável é que não está em causa uma vida com as mesmas características da de um Ser Humano nascido e completamente formado. Portanto, não fará qualquer sentido que haja para ambos os casos, o mesmo tipo de protecção e de tutela jurídica. Além disso, o confronto entre a Ciência, a Moral, a Religião e a Filosofia, não deixam outro contributo a não ser uma imensa dúvida sobre o momento exacto do início dessa “vida” e logo da qualificação a dar ao acto que a interrompa. Na dúvida, não parece sensato que venha o Estado, através de lei, impôr as suas próprias certezas (certezas essas fundadas nas convicções de quem, em cada momento, esteja incumbido de legislar); na dúvida, manda o bom senso que se afaste a solução mais penosa (a criminalização), que no limiar do razoável, se prefira a liberdade da mulher.
Finalmente cumpre recordar, que apesar das valorações morais que nestes momentos sempre nos ocorrem, a despenalização da IVG, nestes termos cautelosos, é apenas um exercício de «pragmatismo legislativo». Com efeito, continuarão a existir abortos voluntários independentemente do Direito os considerar ou não como crime. O que se pode é combater a sua prática clandestina e oferecer a quem optar por fazê-los, condições médico-sanitárias que lhe garantam um patamar mínimo de segurança.
Da esquerda à direita do espectro político, prepara-se o debate, alinham-se argumentos favoráveis a cada um dos sentidos de resposta, sendo de esperar o recurso a diversas áreas do conhecimento, da Moral à Ciência e à Religião, passando pela Filosofia e até pelo próprio Direito.
Sobre esta questão, a minha posição é clara e está formada desde o início sem grande margem para dúvidas: votarei favoravelmente à despenalização da IVG, se feita a pedido da mulher, até às 10 semanas e em “estabelecimento de saúde legalmente autorizado”. E, se outras razões de fundo não existissem, acredito ser possível sustentá-la com três argumentos simples e suficientemente objectivos para afastarem qualquer tentativa retórica de configuração da realidade.
O primeiro, é que não está em causa a generalização do aborto em qualquer circunstância, nem tão pouco a sua afirmação como uma prática substitutiva da utilização de contraceptivos. O que se pretende é a sua despenalização – ou antes, a não criminalização – em condições muito restritas e objectivamente delimitáveis. Além disso, parece pouco sensato afirmar que alguém se submete a um aborto de ânimo leve, como quem pratica qualquer outra actividade do quotidiano, sem mais preocupações. Para além das valorações morais, haverá sempre o mal-estar físico e psicológico, e esses, impedirão que tal solução não deixe de ser vista como o “último recurso”, independentemente da forma como o Direito a venha a qualificar (como crime ou não).
O segundo reporta-se directamente ao problema do direito à vida. Que há vida no “ser” em gestação (seja ele ainda embrião, ou já feto) parece-me uma premissa naturalmente irrefutável. Mas não menos irrefutável é que não está em causa uma vida com as mesmas características da de um Ser Humano nascido e completamente formado. Portanto, não fará qualquer sentido que haja para ambos os casos, o mesmo tipo de protecção e de tutela jurídica. Além disso, o confronto entre a Ciência, a Moral, a Religião e a Filosofia, não deixam outro contributo a não ser uma imensa dúvida sobre o momento exacto do início dessa “vida” e logo da qualificação a dar ao acto que a interrompa. Na dúvida, não parece sensato que venha o Estado, através de lei, impôr as suas próprias certezas (certezas essas fundadas nas convicções de quem, em cada momento, esteja incumbido de legislar); na dúvida, manda o bom senso que se afaste a solução mais penosa (a criminalização), que no limiar do razoável, se prefira a liberdade da mulher.
Finalmente cumpre recordar, que apesar das valorações morais que nestes momentos sempre nos ocorrem, a despenalização da IVG, nestes termos cautelosos, é apenas um exercício de «pragmatismo legislativo». Com efeito, continuarão a existir abortos voluntários independentemente do Direito os considerar ou não como crime. O que se pode é combater a sua prática clandestina e oferecer a quem optar por fazê-los, condições médico-sanitárias que lhe garantam um patamar mínimo de segurança.
quinta-feira, janeiro 18, 2007
domingo, janeiro 14, 2007
Frases que não são só interessantes
Aprendemos a valorizar as coisas boas quando as perdemos. E chegamos à conclusão de que esta frase não é apenas interessante de se dizer, quando transformamos em plano de futuro algo de que já dispusemos quotidianamente.
Crises e aspirações
As crises fazem baixar o nível das aspirações. É inevitável. E por mais que tentemos mentalizar-nos de que vamos ser capazes de as ultrapassar, o inconsciente parece reagir configurando a realidade de formas sucessivamente menos idealistas. Um bom exemplo são os desejos de Ano Novo: nunca me lembro de ter pedido três coisas tão modestas, tão enraízadas no quotidiano, tão aborrecidamente possíveis, apesar de agora me parecerem inalcançáveis. Também é certo que já não me lembro da maioria das coisas que pedi.
sábado, janeiro 06, 2007
A Primeira Vez
Há uma primeira vez para tudo. Mesmo para as coisas que desejamos nunca ter que experimentar.
terça-feira, janeiro 02, 2007
Mudança embrionária
Começou hoje a mudança. Determinada mais ainda de resultados modestos. Veremos quanto tempo permanece, se consegue ou não sobreviver aos vícios do habitual.
terça-feira, dezembro 26, 2006
Salvação e sentido de oportunidade
Mais uma vez o PM apresenta-nos, na mensagem de Natal, um país em trânsito: perdido no abismo, mas no caminho para a Salvação. Provavelmente só mesmo nesta época acreditamos com fervor nessa salvação. Sócrates continua imbatível no sentido de oportunidade.
Mudanças de Ano Novo
Pela primeira vez, prometo a mim mesmo fazer várias mudanças com a passagem do ano. Veremos é se consigo cumpri-las.
sábado, dezembro 23, 2006
Aproximação Etimológica
O pior das insónias é que nos deixam escorregar para o absurdo. Pensamos e escrevemos coisas ridículas, lembramo-nos de cenas pouco a propósito, fazemos gestos monótonos e sem sucesso na tentativa de adormecer. E este blogue, para azar dos leitores, é o repositório de todos estes delírios. Ou não lhe tivessem chamado «Refúgio».
Incoerências
Eu sou incoerente, este blogue é incoerente, todos os meus textos são incoerentes e circulares. Partem de um princípio dúbio para chegarem exactamente ao mesmo ponto sem nenhuma conclusão pelo meio. Não posso prometer-vos mudanças. E nem sequer as prometeria se me fosse possível fazê-las.
sexta-feira, dezembro 22, 2006
Do ser e do parecer
Qualquer pessoa é apenas um elenco de personagens diversas, ligadas por um fio harmónico, que aparecem em cena alternadamente ou em conjunto, consoante o contexto, os interesses visados ou a capacidade interpretativa dos interlocutores.
O Lobo e a pele
Costuma dizer-se: quem não quer ser lobo, não lhe vista a pele. Prefiro reformular nestes termos: quem quer ser lobo, tem de lhe vestir a pele. E repito isto assim mentalmente, várias vezes, para ver se me convenço e passo a agir em conformidade. Ainda não consegui.
Mudanças
Quando era pequeno começava a contagem descrecente para o Natal ainda no final de Setembro e vivia com particular intensidade a euforia dos presentes e das surpresas. Depois passei a não fazer qualquer contagem, mas captava o espírito próprio da época a algumas semanas de distância, quando estava de férias e já não me tinha que preocupar nem com aulas, nem com testes. Este ano nada disso aconteceu. Estamos a três dias do Natal, mas sinto-me como se vivessemos qualquer época vulgar do ano.
Dizem que as pessoas mudam depressa demais. E começo a ter em mim próprio a confirmação dessa verdade.
Dizem que as pessoas mudam depressa demais. E começo a ter em mim próprio a confirmação dessa verdade.
quinta-feira, dezembro 21, 2006
Impotência
Há uma impotência que nos
Vence, que nos tolhe os movimentos,
Que retrai sorrisos e palavras de pesar.
Uma impotência que se expande
Nos limites da nossa própria acção,
Que se conserva nas memórias,
E depois se projecta nos
Nossos sonhos para os tornar irrealizáveis.
Há uma impotência em cada gesto,
Em cada olhar, uma impotência
Em cada tentativa de esquecer,
Em cada esforço de fazer passar
Tudo o que nos marca
Por qualquer coisa de banal
Ou de irrelevante.
Há uma impotência para apagar
Tudo o que se tornou definitivo.
21/12/06
Vence, que nos tolhe os movimentos,
Que retrai sorrisos e palavras de pesar.
Uma impotência que se expande
Nos limites da nossa própria acção,
Que se conserva nas memórias,
E depois se projecta nos
Nossos sonhos para os tornar irrealizáveis.
Há uma impotência em cada gesto,
Em cada olhar, uma impotência
Em cada tentativa de esquecer,
Em cada esforço de fazer passar
Tudo o que nos marca
Por qualquer coisa de banal
Ou de irrelevante.
Há uma impotência para apagar
Tudo o que se tornou definitivo.
21/12/06
domingo, dezembro 17, 2006
O que é preciso
É preciso ultrapassar os obstáculos,
As dúvidas, os problemas,
É preciso não pensar que o mal está
Sempre atrás da porta,
E que, quando se instala,
Já não nos deixa.
É preciso esquecer tudo o que
Nos incomoda, as pessoas,
Os problemas, as situações
Indesejáveis,
As palavras proferidas em momentos
Pouco oportunos.
É preciso eliminar tudo,
Deitar fora como algo que ocupa
Espaço,
E aceitar que já não se pode
Corrigir nada do que foi feito,
Mas que também não é preciso
Condenarmo-nos eternamente
Por o termos feito.
É preciso pensar que dias
Melhores virão,
Que tudo o que ainda não
Ficou definitivamente encerrado
Pode ser alterado a nosso favor,
E que a última atitude que podemos
Ter perante uma injustiça
É baixar os braços,
Rendermo-nos às evidências
E deixar que a realidade escape aos
Nossos planos
Sem tentarmos travar a marcha
Das desilusões.
É preciso não procurar entender
Por que é que as pessoas se traem,
Se abandonam,
Se tratam superficialmente,
Gravitam em torno de quem
Lhes interessa e depois
Desaparecem em debandada
Quando o castelo começa a ruír.
É preciso não procurar forçar os afectos
E aceitar as rupturas e os abandonos,
É preciso continuar sempre em frente
Com mais ou menos obstáculos,
Maior ou menor apoio,
Ou mesmo que seja sozinhos.
17/12/06
Uma forma de auto-reconforto depois de uma semana para esquecer
quarta-feira, novembro 29, 2006
1 Ano Depois
Este blog assinala um ano de existência. A todos os leitores, frequentes e eventuais, agradeço o facto de me terem acompanhado ao longo deste tempo. E espero poder continuar a contar com as vossas visitas.
terça-feira, novembro 28, 2006
Determinismo
É desconcertante a forma como as rotinas nos comprimem, nos amputam partes significativas da liberdade de escolha e de actuação. Sem darmos conta, por mero automatismo, somos diariamente empurrados para uma série de comportamentos mecânicos, de palavras de circunstância, em cujo conteúdo, materialmente considerado, nunca nos iriamos rever se tivessemos, em cada momento, discricionariedade de escolha.
Acredito de forma cada vez mais convicta, que o determinismo não se reporta a qualquer tipo de entidade omnipotente que paire sobre os nossos espíritos. Antes a uma imensa massa de factos humanos, tanto na constituição como na produção dos efeitos, que pela sua dispersão, não cabe a ninguém em concreto controlar.
Acredito de forma cada vez mais convicta, que o determinismo não se reporta a qualquer tipo de entidade omnipotente que paire sobre os nossos espíritos. Antes a uma imensa massa de factos humanos, tanto na constituição como na produção dos efeitos, que pela sua dispersão, não cabe a ninguém em concreto controlar.
Sentimental
Infelizmente continuo um sentimental. E hoje numa conversa descomprometida sobre as eternas difererenças entre o Secundário e a Faculdade de Direito, não consegui deixar de me lembrar daquele tempo com certa nostalgia. Como se fosse parte de um passado impoluto e mais longíncuo do que o que a realidade dos factos insiste em provar.
segunda-feira, novembro 27, 2006
Link
A pedido de muitas famílias, já está disponível o link para o artigo de opinião do Dr. Pedro Lomba - clicar sobre "v. Pedro Lomba" no post «Santana, dois anos depois» -. Directo e preciso, no melhor estilo a que nos vem habituando semanalmente.
Políticos Anónimos
Descubro a mais deprimente forma de controvérsia política: os comentários anónimos em artigos de opinião de blogues alheios. Um anonimato insípido, que insinua a identificação do autor para soar a provocação.
Dos discursos públicos inflamados de dignidade, ao anonimato forçado, vai uma distância longa, que só o ridículo consegue preencher com propriedade. E é nesse ridículo que muita gente parece insistir em caír.
Dos discursos públicos inflamados de dignidade, ao anonimato forçado, vai uma distância longa, que só o ridículo consegue preencher com propriedade. E é nesse ridículo que muita gente parece insistir em caír.
Inflexão
É sabido que eu não votei em Cavaco Silva, e, que, na altura, tinha uma convicção firme sobre o motivo pelo qual não o deveria fazer. Porém, como tem acontecido com alguma frequência, também neste domínio sou obrigado a revelar uma inflexão na minha posição inicial: tê-lo-ia feito se as eleições fossem hoje, assim como provavelmente o farei, nesta linha, em 2011.
Não por apagamento ou favorecimento do governo – pois que isso em nada contribui para a elevação do Chefe de Estado. Mas pelo espírito de isenção e iniciativa que marcaram estes primeiros meses do seu mandato. Tão diferente da “deriva financeira” em que ameçava caír, e ao mesmo tempo essencial para a Magistratura de Moderação que se pretende ser a Presidência da República.
Não por apagamento ou favorecimento do governo – pois que isso em nada contribui para a elevação do Chefe de Estado. Mas pelo espírito de isenção e iniciativa que marcaram estes primeiros meses do seu mandato. Tão diferente da “deriva financeira” em que ameçava caír, e ao mesmo tempo essencial para a Magistratura de Moderação que se pretende ser a Presidência da República.
quinta-feira, novembro 23, 2006
Os mitos
O problema dos mitos é que conseguem criar uma verdade própria, independente da verdade dos factos. É por isso também que são quase impossíveis de desmentir.
Vitórias Irrelevantes
A vitória, tal como qualquer outro estádio da acção humana, tem uma dimensão essencialmente subjectiva. Já me senti derrotado com factos que muita gente considerou como positivos e vi um certo reconforto noutros que aparentemente, seriam pouco notáveis. Ainda assim, nem os primeiros deixam de ser intrínssecamente bons, nem os segundos irrelevantes.