De manhã, quando me
Levanto, nunca sei o que
Me espera.
Vitórias ou desilusões,
Sonhos ou concretizações,
Amigos ou inimigos.
De manhã, quando me
Levanto, nunca sei se é
Para ter um bom dia,
Nunca sei se a vida me vai
Sorrir, se a fortuna me acompanha,
Ou se os acidentes se sucedem,
Lentamente, intransigentes,
De tal sorte que ao fim do
Dia, preferisse nem
Sequer me ter levantado.
Quem sabe,
se vai vencer?
Quem sabe se os seus
Sonhos, os seus projectos,
Quem sabe se os seus desejos
Se vão tornar realidade?
Ninguém sabe nem pode
Prever a vida,
O destino de tudo
O que queremos,
O nosso próprio
Percurso ou rumo
Daqueles de quem
Gostamos.
Ninguém conhece
O amanhã, por mais que tente.
Ninguém pode mudar
O ontem.
Só O presente está na mão
Dos homens,
Macio, maleável,
Sereno, pronto para que o
Moldem do jeito
Que pretendem.
De manhã quando me
Levanto, estou sempre
Na ignorância.
E é como se de repente
A manhã fosse só uma noite
De mistérios,
Onde fantasmas e
Anjos, fadas de realização,
Se podem suceder,
Escondendo-se
Nas nuvens cinzentas
Do Inverno.
De manhã quando me
Levanto… que preguiça,
Nem apetece levantar!
Para quê deixar o conforto,
A segurança dos edredões?
Para quê trocar a placidez
Tépida dos lençóis
Pela roda-viva da manhã,
Que cresce,
Que se expande ao longo
Dia e nunca sei se acabará
De forma que me seja favorável?
O seguro é o mais cómodo,
Mas também é inerte.
No seguro nada se perde,
Mas também não se vence.
No seguro nada acontece
De mal, mas o bem
Também não nos toca,
Não nos escuta no
Braseiro da indiferença.
A praia é plena, tranquila.
O mar é o risco, o segredo.
A praia é, no seu azul, de incerteza
O início de tudo o que
Conheço.
É a manhã que miro
Preguiçoso da janela
Do meu quarto.
Mas o homem não se
Fez para ficar na praia.
O homem não se fez
De costas para o mar.
Ninguém pode ficar na
Cama, quentinho, plácido.
Ninguém pode ficar
Aconchegado à espera
Que o destino se decida
Sem a sua intervenção.
09/02/06
P. D.
(*) versão não definitiva, lol!